Ao falar sobre a Serra do Açor, corro sempre o risco de me repetir, mas também penso que todos os dias do ano a paisagem muda, e de cada vez que a olhamos vemos um pouco mais. Então que me repita tantas quantas as vezes que percorro a nossa Serra.
Hoje vamos até ao Piodão, a jóia da Serra do Açor. O Piódão é a sede de freguesia mais longínqua do concelho de Arganil, situa-se numa encosta da Serra do Açor e está classificado como Imóvel de Interesse Público. É uma das dez Aldeias Históricas de Portugal.
Uma das características mais marcantes é o contraste entre o escuro das casas em xisto e a fachada branca da Igreja Matriz, cuja traça se atribui ao Cónego Nogueira, assim como outras melhorias para a época, existentes no Piodão, como pontes, sistemas de rega, etc, e não esquecendo o colégio que aí fundou que chegou a ser frequentado por gente famosa. O edifício onde funcionou já não existe.
Mas, chegados ao Piodão, é tempo de saborear um artesanal queijo de cabra, cujo sabor caseiro bem mereceu a viagem, e se a Serra abriu o apetite, o cabrito assado e a chanfana preparados de modo tradicional são irrecusáveis.
Vale sempre a pena vir ao Piodão.
Ao percorrer e olhar para estas terras, tento mergulhar no quotidiano das gentes que aqui viveram e os cheiros naturais trazem-me à memória a dureza da vida de então. Olho também, para a história destas gentes que povoaram estes locais serranos e de que hoje infelizmente restam apenas memórias. Falo dos Pés Escaldados, um local desabitado.
O Homem, o Padre, o Historiador
Dez anos após a sua morte, a CMA presta homenagem ao Padre António Nogueira Gonçalves com uma exposição inaugurada no dia 30 de Abril na Biblioteca Municipal de Arganil que está patente ao público sobre a vida deste ilustre intelectual nascido na Sorgaçosa, freguesia de Pomares.
Era filho de José Fernandes Nogueira, natural de Loriga (Seia), e de Raquel da Conceição Gonçalves Nogueira, natural da Sorgaçosa. Fez a instrução primária com o pai, professor primário no Piódão, onde ajudava o pároco Manuel Fernandes Nogueira, seu irmão, que ali instalou um colégio, e que nos conturbados tempos da Implementação da Républica ganhou fama, chegando a ser frequentado pelo pai do Dr. Álvaro Cunhal.
Este seu tio foi um exímio artista trabalhando a madeira em filigrana de estilo gótico. Diz-se que dele herdou a apetência e gosto pelas artes.
Foi um ilustre professor da Faculdade de Letras em Coimbra, foi orientador de especialistas nacionais e estrangeiros, tendo sido orientador de mais de uma centena de teses, e lecionou Literatura Antiga e Moderna, Arqueologia e História de Arte.
Tinha uma propensão para o estudo da Arqueologia e Arte, mas a par de todos esses interesses, dedicou-se também à fotografia. Nos anos trinta, foi director de uma revista dedicada à fotografia e são da sua autoria quase todas as imagens que ilustram os seus estudos. Normalmente fotografava monumentos, e era capaz de estar um dia à espera de o sol bater com determinada incidência na peça que queria fotografar nesse momento.
O Padre António Nogueira Gonçalves, de saber diversificado e profundo, escreveu sobre Ourivesaria, Cerâmica, Tecidos, Escultura, Pintura, Arquitectura, e tantos outros aspectos de arte. É dificil encontar no nosso país quem tão silenciosamente tenha feito uma obra tão importante; algúem disse...
Ainda em vida, a carreira do Padre António Nogueira Gonçalves foi reconhecida por diversas entidades oficiais. A Academia Nacional das Belas Artes nomeou-o Académico de Honra, a Câmara Municipal de Coimbra impôs-lhe a medalha de ouro da cidade em 1983, o Governo atribuiu-lhe a medalha de mérito cultural em 1991, e a Câmara Municipal de Arganil honrou-o com a atribuição da medalha de ouro do município em 1992. O Padre António Nogueira Gonçalves, viveu no Seminário em Coimbra até pouco tempo antes da sua morte, tendo regressado à sua terra Natal, Sorgaçosa, alguns meses antes dessa data. Faleceu com 96 anos no dia 25 de Abril de 1998. Está sepultado no cemitério de Pomares.
Ainda em vida legou todo o seu espólio à Câmara Municipal de Arganil, a qual lhe presta esta justa homenagem.
Na inauguração da exposição sobre esta importante figura da nossa freguesia, do concelho, do distrito e até do país, para além de diversas individualidades estiveram presentes, os órgãos de comunicação social, a Sra. D. Arménia da Conceição, da Sorgaçosa, que lhe deu apoio nos ultimos meses de vida.
A ausência de representantes da Junta de Freguesia de Pomares foi notória.
Alguns objectos pessoais do Padre António Nogueira Gonçalves.
Pormenor do cartão de Sócio com o nº 215 da Comissão de Melhoramentos da Sorgaçosa.
Capela da Sorgaçosa. Pormenor do altar em madeira trabalhado em filigrana de estilo gótico, cuja autoria se atribui a seu tio o Cónego Nogueira na altura pároco do Piódão.
Percorrendo a Serra do Açor e descendo até Foz D' Égua, surpreendemo-nos com estas maravilhas. A propriedade é privada, mas toda a gente gosta de experimentar a sensação de atravessar este pequeno desfiladeiro nesta ponte suspensa. Eu atravessei e de facto é uma sensação estranha a ponte a oscilar...
Pormenor nocturno
O Rouxinol de Pomares voou até ás terras altas de Chãs D'Égua, freguesia do Piodão, para assistir à inauguração do Centro Interpretativo de Arte Rupestre de Chãs D'Égua, único do género no nosso País e que ocupa a antiga Escola Primária, evento para o qual foi convidado por amigos, sabendo do seu amor por esta Serra do Açor. No evento estiveram presentes as mais altas individualidades do Concelho, Associações, Comissões de Melhoramentos e Presidentes de Junta de Freguesia, e ainda outras individualidades que colaboraram no projecto das quais destaco o Sr. vereador da Cultura da Câmara Municipal do Fundão. Como referiu o Dr. Miguel Ventura, em representação da ADIBER que apoiou esta obra, para além do Munícipio de Arganil, é um projecto que ultrapassa as fronteiras do concelho, são projectos culturais de âmbito regional e uma aposta no turismo de qualidade.
Dr.Paulo Ramalho, antropólogo, á direita, um Homem da cultura a quem se deve todo este trabalho, conversando com o Dr. Miguel Ventura e o Sr. Presidente da Câmara de Arganil, Engº Ricardo Pereira Alves.
Novamente o Dr. Paulo Ramalho conversando com o sr. Presidente da Câmara de Arganil, e onde se podem ver algumas individualidades presentes.
A sessão de inauguração e os respectivos discursos. O Dr. Paulo Ramalho, destacou a ajuda dos habitantes de Chãs D'Égua, da União Progressiva de Chãs D'Égua, da Associação de Compartes do Piodão, da Pinus Verde, da equipa tecnica do Parque Arqueológico do Vale do Coa e das outras entidades envolvidas no projecto.
Os minutos que antcederam a inauguração e o descerrar da placa pelo sr. Presidente da Câmara de Arganil, Engº Ricardo Pereira Alves.
Não faltou calor humano, muita gente até para o costume da terra, mas foi também um dia frio e para assinalar o evento, não faltou a neve. O manto branco que cobre o largo é testemunho disso.
Chãs D'Égua é uma povoação muito bonita, enquadrada numa zona com grande potencial para turismo de qualidade.
E como é da "praxe" nestes eventos e fazendo juz à hospitalidade das gentes serranas, houve um beberete/lanche que nos ajudou a aquecer.
Parabéns às gentes de Chãs D'Égua.
Em plena Serra do Açor e na estrada que nos leva ao Piódão, existe uma fonte com uma água cristalina e um nome, no mínimo curioso:
Fonte do Pião.
Nos dias de verão é ver os automóveis a parar e as pessoas a beber esta fresquíssima água.
E, para além da água, a paisagem vista de lá é também apetecível.
Porque a água é um bem precioso, vamos "postando" aqui algumas das fontes e fontanários da nossa região.
Qual fantasma, em dia chuvoso, o Piódão ergue-se pela encosta, em becos estreitos de casario alinhado, com as suas pequenas janelas debroadas de cor azul.
Piódão, um postal vivo de xisto.
(foto obtida em 29 de Agosto de 2007, um dia com chuva e nevoeiro)
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