Os almoços de comemoração de Aniversário da Comissão de Melhoramentos de Soito da Ruiva, são há alguns anos a esta parte precedidos de uma parte cultural. Também nestes últimos anos tem-se visitado navios, o que não deixa de ser uma acto único, porque não é todos os dias que as portas da Marinha Portuguesa se nos abrem para nos mostrarem uma parte pouco conhecida do grande publico, que são os navios da nossa Armada. Este ano tivemos a honra de visitar a Fragata D. Fernando II e Glória, uma visita que nos transportou à gloriosa História Portuguesa e ao papel único e fundamental da marinha portuguesa, que durante séculos navegou pelos oceanos, sem rival no Mundo. Nós tivemos o privilégio de ter como guia o Sr. Comandante Capitão de Mar e Guerra, José António de Oliveira Rocha e Abreu, pessoa afável, simpática, que nos deu ali, a bordo da Fragata, uma bela lição de História de Portugal. Simplesmente excelente. Recomendo uma visita à Fragata D. Fernando II e Glória que está em doca em Cacilhas e de fácil acesso para estacionamento automóvel e perto de transportes.
Dividirei o "almoço" em duas partes. Uma dedicada à nossa História e à visita à Fragata, a outra (outro post) dedicada à amesendação na Messe de Sargentos da Marinha, no Alfeite.
Uma foto de grupo no convés com o Sr Comandante.
De forma eloquente e entusiástica, o Sr. Comandante Capitão de Mar e Guerra, José António de Oliveira Rocha e Abreu, oferece-nos toda a história da Fragata, e uma lição de História de Portugal.
Ao leme...
A descida para o interior do navio.
Um navio é composto de complexos mecanismos que foram executados com rigor e mestria e muita beleza estética...
Uma paragem para uma explicação detalhada da nossa História...
O navio estava armado com 50 bocas de fogo. A vida a bordo não era fácil, e menos fácil se tornava em ambiente de combate naval, cujos canhões disparavam alternadamente, e pela excelência e experiencia dos nossos marinheiros que colocando os canhões perto da linha de água permitiam que as balas fizessem o mesmo efeito flutuante que as pedras atiradas na nossa meninice nas ribeiras e rios, que iam saltitando ao cimo da água e embatiam nos muros e açudes. Essa técnica devastadora para os navios inimigos causava-lhes tais estragos ao nível da água, que permitia o seu afundamento muito mais rápido. Foi no domínio dos Mares que não tivemos durante séculos rivalidade de nenhum outro país do Mundo...
A cor vermelha não era por acaso, nem por ser a unica cor disponível, mas tão só porque a vida em combate era difícil e perigosa, e o sangue era fácil jorrar dos corpos dos homens, e na cor, este disfarçava-se, minimizando a dor e apaziguando algum espírito mais impressionável...
Aposentos do Comandante.
Outros aposentos
Aposentos e sala de jantar de oficiais.
Alguns sofriam as consequências de não terem cumprido os deveres e as ordens. No caso, foi uma situação real da qual há registo ( não fixei o nome do marinheiro). O marinheiro que estando de guarda ao navio desobedeceu ás ordens e deixou sair uma lancha com pessoal para terra, que poderia ter posto em perigo a restante guarnição...
Face aos tempos actuais este método de castigo é atroz e viola os direitos humanos, mas não deixo de pensar que para alguns que nos têm governado, este seria um castigo leve para o sofrimento que têm causado ao povo e ao país.
Decorria a visita...
Alguns "bonecos" retratam a vida e algumas tarefas a bordo.
O navio tinha uma guarnição variável entre 145 e 379 homens, tendo em algumas viagens transportado mais de 600 no total. Era um navio que estava equipado para levar colonos e degredados com as respectivas famílias...de acordo com a pena...iam sendo deixados em Angola, Moçambique, Índia, ou ainda mais longe Timor...
Utensílios
O descanso...
E obviamente que ninguém sobrevive sem comer...aqui está a cozinha, e provavelmente aos comandos destes fogões, sabe-se lá, se não seria um "Luís Castanheira" a confeccionar o porco ou a cabra que ia no porão...
Visita terminada é tempo de deixar uma mensagem de apreço no livro de visitas. Teresa Neves no acto!
A Fragata D. Fernando II e Glória foi construída em Damão (Índia Portuguesa), foi lançada á agua em Outubro de 1843 e navegou entre essa data e 1878, tendo nas suas viagens feito o equivalente a 5 voltas ao Mundo. Em 1963 um incêndio no Tejo onde se encontrava ancorado destruiu grande parte do navio, tendo sido recuperado nos anos 90, e foi uma das atracções da Expo 98.
Há alguma informação na net sobre esta embarcação...vale a pena procurar...
E pronto...acabou a visita e uma lição de História. Obrigado ao Soito da Ruiva e ao Sr. Comandante Rocha e Abreu.
Quanto ao navio, espero que não fique sempre em doca seca...
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