Renascer!
Não escrevo nem publico há muito tempo. Mas não vou justificar-me. Até porque não há justificação para tudo...por vezes é porque sim...e por outras, porque não! Não interessa, agora!
Darei algumas justificações mais tarde...se for oportuno. Por agora, direi apenas o seguinte:
-Tenho tido pouco tempo para o Blog, e acuso algum cansaço de andar por aqui há mais de dez anos, por vezes a ser maltratado! Cansa!
Tenho outros projectos em "andamento na minha cabeça", alguns ficarão apenas pelas intenções, outros, provavelmente irão ser concretizados.
Por agora, e a pedido de alguns amigos e amigas, resolvi dar um novo fôlego ao Blog, até porque as recentes tragédias e acontecimentos na nossa terra e região assim o exigem e justificam. Afinal o Blog " O Rouxinol de Pomares" é a minha janela, e foi daí que saiu o pontapé de saída para que Pomares estivesse na web muito tempo antes do boom das redes sociais...
O Blog, não é sponsorizado por nenhuma entidade, não é subsídio dependente e não é alinhado com interesses particulares, o esforço deve-se apenas ao autor quando percorre dezenas de quilómetros à procura de uma boa fotografia, de um acontecimento, ou de uma simples festa regionalista da nossa terra ou região da Beira Serra. Em troca, o que pretende dos seus leitores, é apenas um pequeno comentário!
Renasci!
Nem sei bem como começar, tal é o tempo a que votei este meu espaço predilecto ao abandono. Imperdoável!!!
Fazendo as contas, há mais de um mês que não "boto" aqui nada, nem uma opiniãozinha. Nem parece meu. E penalizando-me, ainda mais, no mês de Maio, apenas um post. Valeu o post e o vinho da Casa da Carvalha que são excelentes. Tudo, os donos, a Casa e os vinhos...
Bem, vamos lá ao que me trouxe aqui:
Nada de especial, apenas a vontade de retomar o curso normal deste Blog " O Rouxinol de Pomares", e deixar aqui alguns desabafos, quiçá para justificar o injustificável, ou simplesmente para arranjar alguma explicação, ou álibi, para a minha preguiça, cansaço, desmotivação, ou desilusão...
Não sei, talvez tudo junto.
Todos nós gostamos mais de tudo o que nos é mais fácil. É humano e é legitimo. A coisa mais fácil é a plataforma de comunicação da chamada rede social, facebook, que nos permite algum voyeurismo e que podemos satisfazer a curiosidade alheia com uma foto de um bife e batatas fritas, ou simplesmente com a cor dos sapatos novos acabadinhos de comprar...
É tudo mais fácil, mais rápido e ninguém está preocupado com a qualidade das imagens, do som do vídeo. O que importa mesmo é a quantidade dos likes e quantidade de amigos, que na sua maioria passam por nós e nem bom dia dizem...é tudo uma questão de números, até nós, provavelmente lá em Bruxelas, eu não passarei de um número, ou serei mesmo um número? Se calhar nem isso...
Bom, adiante!
Ao longo destes 9 anos em que abordei muitos problemas que afectam as nossas aldeias, e em especial a minha terra na qual foquei este Blog, percorri um caminho que não foi fácil. Tornei-me conhecido como " O Rouxinol de Pomares", fiz grandes amigos, e fiz também alguns inimigos de estimação. Orgulho-me de ter companheiros e amigos que comungam dos mesmos ideais, que disseram sempre presente, foram sempre solidários, e em momento algum vacilaram nos ideais, e jamais aceitaram promessas vãs. Compreendo, não sou redondo e não agrado a todos, e não tenho fígado para dizer pela boca uma coisa, e o coração estar a pensar outra. Recuso-me a ser hipócrita. Nunca o fui, e com esta idade já não vale a pena sê-lo. Sou directo, frontal e verdadeiro, e se algum dia eu sentir que errei, não tenho a menor hesitação em pedir desculpa. Sei que levantei problemas a quem estava nas suas 7 quintas, porque do alto do seu poderzinho nunca ninguém tinha ousado questionar fosse o que fosse. Assustei e assusto quem está instalado e tem interesse em que as coisas permaneçam na mesma. Cheguei, questionei, fotografei, apontei caminhos alternativos, dei sugestões, e isso obrigou a mudar muita coisa. Mentalidades, uma das coisas mais difíceis de mudar...
Confesso também que acuso algum cansaço, fruto de uma luta muitas vezes solitária, de muitas horas perdidas à frente de um ecrã de computador, de muitas horas com uma máquina fotográfica na mão, de muitos quilómetros percorridos, muito dinheiro empatado e gasto a percorrer estradas, caminhos e aldeias, apenas com o objectivo de dar a conhecer, de divulgar e de levantar questões justas que tenderiam somente ao desenvolvimento sustentável, impedindo o desaparecimento de comunidades. Ou pelo menos a tentativa, enquanto outros assobiam para o lado e dizem " o gajo é parvo e fala demais" Sempre com o sentido de responsabilidade que me caracteriza, de preservar a segurança e a imagem das pessoas e das aldeias, tendo o cuidado de não divulgar dados que possam comprometer a segurança das pessoas e bens. Todos sabemos da desertificação humana das nossas aldeias, mas nunca publiquei um post com o número de habitantes por aldeia, por uma questão de segurança e privacidade! O respeito pelas pessoas está sempre presente. Afinal é pelas pessoas que ando por aqui e me movo...
Confesso também alguma desilusão. Não por não sair vencedor de eleições a que me propus, porque o objectivo politico não sendo atingido na totalidade, foi sobejamente positivo. Estou convencido que contribuí bastante para consolidar a democracia na minha freguesia e para a transparência dos actos públicos. Sei que não é fácil aceitarem quem lhes pediu e pede para mostrar as contas publicas...porque nunca antes foi feito. Sei que não é fácil que se questione actos de uma gestão administrativa de uma pequena freguesia. Provavelmente ainda não entenderam que este é um caminho natural e que só teriam a ganhar com a participação de quem está na oposição. Ainda há muito caminho a percorrer...mas nem sempre gozamos da estima e da compreensão, até dentro dos próprios camaradas de partido que se norteiam simplesmente por números...e quiçá pelo poder... e é por isso que vamos assistindo à decadência dos velhos partidos, que ao longo destes anos nos levaram para um caminho que não sabemos onde terminará...
Desilusão também por constatar que cresceu na minha aldeia, oportunismo, bajulice, dissimulação e falsidade em alguns, que assim vão alcançando um bocadinho de protagonismo que de outra forma jamais o conseguiriam por mérito próprio.
Confesso também alguma desmotivação, muita até, porque me fartei de "aturar" boçalidades, gente que se julga capaz e não consegue produzir uma ideia. Gente que me pediu ajuda e no momento seguinte não teve pejo de me rasteirar. Gente mesquinha, que nos bate nas costas e ao virar da esquina é capaz de nos atraiçoar. Desmotiva-me que os valores de outrora tão comuns nas nossas aldeias já não são o que eram. O respeito, a verticalidade e a palavra já não são o que eram nem têm o mesmo valor de outrora. Perdeu-se a verticalidade...
Confesso ainda que estou a ter alguma preguiça, porque é mais simples não ter compromissos, não ter nada que fazer...e fazer apenas o que nos apetece, quando nos apetece, e como nos apetece...
Pensando bem, sou um homem livre, sempre fui um homem livre, e tenho a idoneidade de fazer o que acho que está bem feito...ninguém me paga!!!
Há gente que reconhece o meu trabalho, as minhas capacidades e o meu esforço. O que é importante na vida é que tenhamos sempre uma alternativa...
Desiludam-se aqueles que pensam que me remeti ao silêncio e que ficarei calado. Não acreditem! Um dia destes, voltarei, e nunca, mas nunca mesmo, deixarei de dizer o que penso e de apontar o dedo se for caso disso. É simples, a minha liberdade não tem preço, e o melhor do 25 de Abril foi a liberdade de expressão...
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