Chegaram alguns frutos de Outono. As uvas, os marmelos, as gamboas, já se apresentam com o nível de maturação para serem transformados em vinho e em doce, respectivamente. Faltam ainda alguns figos mais tardios, os medronhos, os diospiros e as castanhas, para depois mergulharmos no descanso vegetativo, na hibernação das terras, onde só as couves vão resistindo às camadas de geada, para que no Natal acompanhem o tradicional bacalhau...
O vinho está quase aí...
E a marmelada também...
Hoje ia falar de alguns assuntos tratados na Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia que decorreram no sábado pp, ia, mas por força da mãe natureza, que me pôs as uvas no "ponto", não me sobrou tempo algum e não irá sobrar por estes dias mais próximos. Contingências da vida do campo!
Todos sabem que gosto da terra e dos trabalhos do campo, e também todos sabem que na nossa freguesia, quer pelos terrenos quer pelo microclima, não se produzem bons vinhos, e é por isso mesmo que apelido o meu vinhito como Vinho de Caruma. Já contei a história várias vezes, um antigo colega e amigo dizia-me que, se cá na minha terra havia só pinheiros como é que eu queria ter vinho em condições?!!!
Normalmente o nosso vinho, e salvo algumas raras excepções, é um pouco ácido, de baixa graduação e multi castas, o que dá um produto difícil de equilibrar, quiçá mesmo para um enólogo, quanto mais para um pobre enófilo. Como sou teimoso e gosto de sentir o cheiro frutado do vinho em fermentação, e porque me dá algum gozo fazer vinho por processos antigos, deixo as uvas atingir uma maturação máxima possível, uvas quase passificadas, com desidratação natural dos bagos, e por consequência uma maior concentração de açúcar que normalmente é baixa. Como a técnica de retardar a colheita é designada por Late Harvest, então porque é que o meu vinhito não poderá ser um Caruma's Late Harvest ???!!!
Não sou um expert em identificar as castas, mas presumo que esta é o Borrado das Moscas ou Bical...será?
Maturação no limite...e antes que chova!
Tenho vindo a plantar e a substituir algumas videiritas por castas mais nobres, e tenho preferência pela touriga nacional, que penso ter uma boa adaptação por aqui, assim com a Tinta Roriz, mas no caso da fotografia é um moscatel e está super doce, e para comprovar reparem na abelha que está do lado direito a sugar o néctar...
Não julguem que com os resultados eleitorais me dediquei a ingerir sais de frutos por causa de alguma azia...nada disso...
Azia vi eu em alguns rostos que não escondiam o seu nervosismo por me verem como delegado do Partido Socialista na sala onde decorreu o acto eleitoral...
Exactamente nesse dia, ontem, domingo, a intemperie que se abateu sobre a nossa terra "deu conta" das couves e das pequenas uvas em formação. A sopa que tão bem faz à azia está comprometida com a falta de couves, e o meu Caruma's Wine de 2011, está em risco de não ser produzido...
As parras ficaram furadas como se de balas fossem trespassadas...
Os bagos desapareceram...
Outros mais protegidos mostram a "carga" a que foram submetidos...
Com a ajuda da família e dos amigos está concluída a vindima do meu produto biológico. Não tenho, obviamente, uma produção que me permita a exportação com a marca Caruma's Red Wine, (eh!, eh!, eh!), mas não está posta de parte a rotulagem para o mercado nacional, direccionada para os amigos e a um custo atractivo, (zero euros), cuja designação a comercializar sob o nome de Caruma, Grande Escolha, está em estudo e no prelo estão já em fase adiantada os respectivos rótulos.
A saúde das uvas estava excelente e o grau de açúcares pareceu-me elevado. Agora é só aguardar que o processo siga o curso natural que o Criador determinou.
O vinho alegra o olho, limpa o dente e cura o ventre!
Anda bicho na vinha...
Desde cedo, mal as uvas começaram a pintar, já os bagos me começaram a desaparecer, bago a bago, com uma precisão cirúrgica e selectiva. Não me indignei com o, ou os animais que precisavam de se alimentar, mas a curiosidade apoderou-se de mim tentando perceber e descobrir qual o animal que me comia os bagos sem danificar os restantes, e nem todas as espécies eram do seu agrado. Indaguei, aqui e ali fiz conversa: uns afirmam ser ratazanas, outros os melros; contrapunha que não me parecia, porque as uvas estariam a uma altura impossível de alcançar por uma ratazana, e uma ave teria de debicar as uvas. O que se verificava era que os bagos eram arrancados um a um sem vestígios ou desperdícios no chão, e a forma de o fazer, só poderia ser de quem dispõe de dedo oponível. Até hoje não consegui ver que animal é "fã" das minhas uvas. Não de todas, mas das mais doces e de pele mais fina. As minhas suspeitas vão para o esquilo...
Não abocanha, não estraga, come apenas os bagos deixando os píncaros...
Há videiras em que nem um bago para amostra...
É selectivo. Este Alfonso Lavalle, uva de mesa, escapou aos gostos do "bicho"...
O mesmo não aconteceu ao Cardinal, apenas provei uns bagos que o "bicho" me deixou...
Esta vida rural tem que se lhe diga...
Há quem lhe chame Colhão de Galo. Há quem prefira chamar-lhe Dedo de Dama, quiçá por ser mais delicado, mas eu prefiro o nome mais vernáculo, porque é mais genuíno. O nome é assim, popular, mais nada! Por vezes o mais rude nome é o mais inteligente, como muitas coisas na vida!
Já este ano vos mostrei esta excelente casta de uva de mesa. Estava verde, mas hoje, já se encontra quase no ponto de maturação final. Aguardemos mais alguns dias...e sobre o vinho da minha produção caseira, a que chamo " Vinho de Caruma", está quase a chegar a vindima. As uvas aproveitam este sol de Outono para que a maturação atinja o limite e os teores de açúcar sejam mais altos, sem chegarem à desidratação. É preciso estar atento! Darei notícias...do meu "Vinho de Caruma"!
Sob a rúbrica Ruralidades tenho por norma mostrado construções. Hoje, sem fugir ao tema, vou-lhe imprimir uma variante, que é uma das belezas da natureza, que nas grandes metrópoles não nos é dado observar: o crescimento dos frutos no seu habitat natural. Uma videira com os respectivos cachos de uvas em formação.
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